quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

~ Devaneios.~

"Era mais uma noite quente de verão e a menina estava em seu lugar preferido da casa. Um lugar bem lá no alto, onde a permitia enxergar claramente o céu estrelado. O céu, ela observava, não era mais tão cheio de estrelas como antigamente... Isso a entristecia... Para ela era como se as estrelas estivessem morrendo aos poucos... Em seu lugar predileto ela conseguia se ausentar do mundo, se ausentar da correria, das pessoas, das responsabilidades e preocupações; lá ela podia ser somente ela mesma, da maneira mais crua. Lá era ela e seus pensamentos indecisos. 
Nessa noite em particular ela estava nitidamente entristecida. Sua vida não seguia um rumo agradável, ela estava inquieta. Todo aquele peso em suas costas, a preocupação, a pressão exercida por seus pensamentos e conceitos sobre ela mesma... A menina estava perdida. Simplesmente não sabia o que fazer... Não. Ela sabia sim o que havia de ser feito. Mas, ela só não conseguia... Isso a estava corroendo. Ter consciência do problema e não conseguir resolvê-lo, mesmo tendo a resposta bem diante de seu nariz...
Ali, em seu lugar favorito, a menina observava as estrelas... As poucas que restaram, e ali, naquele momento de paz exterior, ela percebe que o que a está incomodando é o medo. Ela está aterrorizada, somente. Ela não sabe que rumo sua vida irá tomar... E isso a amedronta... Seus pensamentos começam a ficar mais confusos e ela não consegue organizar sua mente. O terror de seus medos toma conta de seu corpo, ali, sozinha e no silêncio da madrugada ela chora, ela põe pra fora o que estava guardando havia meses... Durante longos minutos foi só o que fez; de cabeça baixa e olhos fechados, ela chorou.
Calmamente voltando à si, ela volta o olhar para o céu. Algumas poucas estrelas apareceram enquanto ela chorava, uma aqui, outra ali, o céu já estava um pouco menos vazio em seu campo de visão... Com sua mente agora vazia, ela esboçou um sorriso... Se levantou calmamente, pegando suas coisas: Um livro e uma manta forrada no chão. Em seu lugar preferido, ela ia todas as noites, livrar-se de seus fantasmas, para que pudesse voltar e seguir adiante com sua vida nesse mundo de tolos..."