sábado, 16 de fevereiro de 2013

Paz.


"Mais uma noite quente de verão. Lá fora, nem uma única brisa se sentia. Mas ele não se importava. Ele estava em seu quarto, deitado em sua cama, que há muito deixara de ser uma bela e grande cama de casal. Agora, ele passava seus dias ali sem a companhia daquela que o alegrava tanto.
Sua única felicidade era poder vislumbrar o mundo através da janela de seu quarto. Através da janela que ficava em frente à sua cama de solteiro. Para ele, ela era como uma bela moldura que transformava qualquer paisagem em um lindo quadro. E nessa noite quente, o que ele vislumbrava de dentro de seu quarto, era um lindo céu límpido e estrelado; quase se podia ver a majestosa lua dali. 
Sua mente começou a alçar voo e ele já não mais estava entrevado àquela cama. Como se voasse por cima da cena, ele se viu, lá em baixo, brincando e se divertindo quando criança... 'Ah, a inocência e o prazer de ser criança.' Ele pensou. E como um piscar de olhos, a cena mudou. Lá estava ele, na escola, vendo pela primeira vez àquela que o faria feliz durante tantos e tantos anos. Mesmo depois de tanto tempo, e mesmo não sendo real, seu coração ainda pulava sob seu peito quando a via. 
Mais uma vez, a cena mudou. Ele se viu jovem, na flor da idade, indo para a faculdade. A lembrança daquele dia veio à memória e ele se lembrou que seria o dia em que ele pediria a mão dela em casamento. Ele estava nervoso, mas estava certo de sua decisão, queria passar o resto de seus dias ao lado dela. E até hoje, ele não se arrepende de tê-la escolhido. No momento seguinte, ele se viu numa igreja. Uma igreja conhecida, não muito grande, mas aconchegante. Ele estava no altar, muito bem vestido com seu terno. A marcha nupcial começou a soar ao fundo e levantando os olhos, ele a viu. Mais linda do que jamais fora, ela parecia um anjo reluzindo em meio ao branco. A felicidade o inundou e de longe, ele pode ver uma lágrima correr pelo rosto do seu eu mais jovem. Revendo aquele momento, a saudade inundou seu ser de tal maneira que chegou a doer. 
E por uma última vez, ele sabia, a cena mudou. Ele foi levado ao leito de um hospital. Reconhecendo de imediato aquele local e aquele dia, sabia exatamente o que estava por vir... Fechou os olhos para conter a dor enquanto a cena acontecia diante de seus olhos. Ele não queria rever seu momento de maior sofrimento.     Abriu os olhos lentamente... Ela estava deitada naquela cama fria de hospital, tão linda como sempre, mesmo naquela situação... Ele estava ao seu lado, visivelmente abatido demais, segurando uma de suas delicadas mãos... Ela pediu pra que ele chegasse mais perto, e então sussurrou algumas palavras em seu ouvido. Ele, claramente emocionado, começou a chorar. Virando o rosto para o outro lado, o sopro da vida deixou o corpo dela. 
Chorando, ele estava de volta ao seu quarto. De volta à sua cama de solteiro. Fazia sete anos que ela o havia deixado, mas ele ainda se lembrava de suas últimas palavras sendo sussurradas em seu ouvido: 'Eu jamais me arrependi de um só dia que passei ao seu lado. Eu te amo.'
Mais calmo, ele aprecia a paisagem da janela, imaginando como ela teria gostado de estar ali vislumbrando o céu estrelado. Depois de reviver tudo aquilo, ele sabia que sua hora estava chegando... Mas ele não estava preocupado, pelo contrário, ele estava pronto. E, com os olhos se fechando lentamente, ele abraça a morte, indo de encontro à sua amada. Uma lágrima escapou-lhe do olho. Em seu rosto, paz era o que se via." 

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

~ Devaneios.~

"Era mais uma noite quente de verão e a menina estava em seu lugar preferido da casa. Um lugar bem lá no alto, onde a permitia enxergar claramente o céu estrelado. O céu, ela observava, não era mais tão cheio de estrelas como antigamente... Isso a entristecia... Para ela era como se as estrelas estivessem morrendo aos poucos... Em seu lugar predileto ela conseguia se ausentar do mundo, se ausentar da correria, das pessoas, das responsabilidades e preocupações; lá ela podia ser somente ela mesma, da maneira mais crua. Lá era ela e seus pensamentos indecisos. 
Nessa noite em particular ela estava nitidamente entristecida. Sua vida não seguia um rumo agradável, ela estava inquieta. Todo aquele peso em suas costas, a preocupação, a pressão exercida por seus pensamentos e conceitos sobre ela mesma... A menina estava perdida. Simplesmente não sabia o que fazer... Não. Ela sabia sim o que havia de ser feito. Mas, ela só não conseguia... Isso a estava corroendo. Ter consciência do problema e não conseguir resolvê-lo, mesmo tendo a resposta bem diante de seu nariz...
Ali, em seu lugar favorito, a menina observava as estrelas... As poucas que restaram, e ali, naquele momento de paz exterior, ela percebe que o que a está incomodando é o medo. Ela está aterrorizada, somente. Ela não sabe que rumo sua vida irá tomar... E isso a amedronta... Seus pensamentos começam a ficar mais confusos e ela não consegue organizar sua mente. O terror de seus medos toma conta de seu corpo, ali, sozinha e no silêncio da madrugada ela chora, ela põe pra fora o que estava guardando havia meses... Durante longos minutos foi só o que fez; de cabeça baixa e olhos fechados, ela chorou.
Calmamente voltando à si, ela volta o olhar para o céu. Algumas poucas estrelas apareceram enquanto ela chorava, uma aqui, outra ali, o céu já estava um pouco menos vazio em seu campo de visão... Com sua mente agora vazia, ela esboçou um sorriso... Se levantou calmamente, pegando suas coisas: Um livro e uma manta forrada no chão. Em seu lugar preferido, ela ia todas as noites, livrar-se de seus fantasmas, para que pudesse voltar e seguir adiante com sua vida nesse mundo de tolos..."

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Escolhas...

"A menina está no ônibus. Ela está cansada. A luz do sol iluminando seu rosto e ofuscando sua visão. Sentada em um canto, ela observa as pessoas que passam. Sua mente está vazia... Quando, enquanto via pessoas indo e voltando seguindo com suas humildes vidas, pensamentos vieram lhe fazer companhia em sua ilustre solidão. 
Ela começou a visualizar probabilidades e possibilidades... Começou a imaginar e perceber... O quanto nossas escolhas são importantes para nossas vidas... Exagerado talvez? Não... As pessoas não percebem, ela pensa, o quanto as mínimas escolhas que fazemos em nosso dia-a-dia podem mudar o rumo de nossas vidas... O lugar que se escolhe no ônibus para se sentar... O próprio ônibus em que se vai entrar... Um caminho diferente a se tomar... Qualquer dessas escolhas simples que temos que fazer durante o dia pode simplesmente fazer uma grande diferença no chamado produto final... Escolhas que muita das vezes são feitas automaticamente... Sem que nem percebamos... 
Mesmo estando silencioso dentro do ônibus, em sua mente o barulho era alto... Muitos pensamentos e questões sendo levantadas, enquanto ela estava ali naquele banco, naquele ônibus... Ela pensa o quão maravilhoso é esse incrível mundo de possibilidades por trás de todas essas simples escolhas que fazemos... 'Deveríamos pensar melhor antes de tomar qualquer tipo de decisão... Por que até mesmo as simples e banais podem trazer graves consequências', ela pensa. 'Mas e a graça de se viver? Pensando tanto deixaríamos de viver todas as experiências que nos são proporcionadas pelas escolhas... Até mesmo as coisas boas...', ela conclui... Nossas escolhas nos fazem ser quem somos afinal... Somos seres falhos... Nossas escolhas serão igualmente falhas... 
O ônibus freia bruscamente, e como se fosse de um sonho, ela acorda... Pisca os olhos três vezes antes de realmente despertar e abandonar o seu mundo particular o qual somente ela tem acesso livre..."


~ Blé ~

domingo, 22 de abril de 2012

"A noite estava fria, nevava calmamente do lado de fora. Voltando para casa, ela estava de pé na plataforma esperando o metrô. Estava com seu habitual agasalho para dias como aquele. O local estava praticamente vazio, a não ser por um casal que estava do outro lado, esperando o metrô para o sentido contrário ao dela. Olhando para o relógio, ela vê que nem é assim tão tarde para que não haja pessoas por ali. Pessoas não costumam sair muito em dias como aquele. Ela adora estar fora de casa em dias assim. O frio. A neve branquinha caindo sobre ela... 
Tomada de seus devaneios pelo som do metrô se aproximando, ela vai até o final da plataforma, esperar. Ele para, as portas se abrem e ela entra no vagão, procurando um lugar para se sentar. Ela se senta de frente para as janelas, para, mesmo que pouco, ver o tempo lá fora. 
Passeando os olhos pelo vagão, ela percebe que não está sozinha. Do outro lado do vagão está um homem sentado, ele está no canto, numa posição de quem parece estar dormindo, com as pernas esticadas para frente, o corpo para baixo, braços cruzados junto ao tórax. Ele está vestindo um sobretudo preto, coturnos pretos e está com um chapéu, também preto, cobrindo-lhe o rosto. Ela analisou por alguns instantes a figura do homem e então um arrepio percorreu seu corpo. Não um arrepio de frio.
Ela então, volta sua atenção para a janela. Ainda tinha bem uns vinte minutos de viagem pela frente. Apenas ficou lá, observando o clima e neve caindo do lado de fora do vagão. O metrô fez as paradas regulares em casa estação... Em uma delas uma pessoa entrou, mas desceu logo na próxima. 
Ela simplesmente se deixou levar pelo clima. Limpou toda sua mente e sem pensar em nada, ficou imóvel observando a paisagem. Foi aí que começou. A luz do vagão, piscou. Ficou cerca de segundos desligada. Quando a iluminação voltou, ela, instintivamente olhou ao redor. Ela ficou confusa quando percebeu que o homem do outro lado do vagão não estava mais lá. Vasculhou com os olhos por todo o lugar e nem sinal daquele homem. Não haviam parado em estação alguma. Ela não o viu desembarcar... Seu cérebro pareceu dar um nó. Não entendia aquilo. Voltou sua atenção para a janela, resolvendo se acalmar... E então, ouve um segundo apagão. Rápido como o primeiro. Ela resolveu não tirar os olhos da janela. Não queria correr o risco de ver se aquele homem iria aparecer por ali de novo ou não. No escuro, permaneceu com os olhos nas janelas. No momento em que a luz volta, um rosto aparece na janela. Com as mãos coladas no vidro como se quisesse entrar. Seu rosto era assustador! Possuía uma expressão terrível, como se estivesse gritando! Não havia olhos. A única coisa que ela via eram buracos negros onde deviam estar os olhos. Não havia olhos. Mas seja o que fosse, estava olhando diretamente para ela. Assustada não consegue se mover...
~
Chega a estação na qual ela devia desembarcar. As portas do vagão se abrem. As portas do vagão se fecham. Ninguém desce daquele vagão. O vagão está vazio."
~

ii~ Ficou horrível essa pequena narração... Sem sentido. xD
Mas, quis postar. Acho que metrô e estação dão sempre ótimas histórias de terror... º-º
Só não acho que desenvolvi o bastante... Enfim...~
;*

quarta-feira, 7 de março de 2012

"Mais uma noite. Noite de lua cheia. A lua está magnífica em seu glorioso altar lá nos céus. Ela está na varanda, onde consegue claramente enxergar sua expectadora, lá do alto apenas observando... Ela está aparentemente feliz. Afinal, nunca deixava sua máscara cair na frente dos outros e chegou um momento em que ela mesma acreditava em sua farsa... Afinal, o que poderia fazer?
No banheiro, se prepara para tomar um banho. Calmamente ela se livra de suas roupas e entra no box. Abre o chuveiro e simplesmente deixa que a água caia sobre seu rosto. Ela começa a deixar que os pensamentos fluam em sua mente... Dúvidas, incertezas, perguntas frequentes que continuavam sem respostas... E, nesse momento, ela simplesmente se viu desabar... Ali mesmo, no chão do box. Lá estava ela, sentada no chão, com a água escorrendo por sua cabeça... Ali mesmo, ela estava chorando... Simplesmente não sabia o que fazer... Simplesmente deixou que a aquela água limpa levasse consigo, suas impurezas... O desespero tomou conta dela, até que não mais conseguia manter sua respiração calma, começou então a se sentir ofegante, como se o ar estivesse também a abandonando... 'Quem eu sou? O que eu faço?' Ela se perguntava constantemente... Ali, no chão daquele box, durante quase dez minutos, ela chorou copiosamente... Transformou em lágrimas todas as suas angústias e dúvidas... Calmamente ela foi voltando ao seu normal... Como se seu reservatório de lágrimas estivesse secando... Calmamente ela terminou seu banho. Calmamente ela voltou ao que era antes..."

... Só algo que surgiu na minha mente vazia...

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Boa tarde para você que está lendo *-*
Primeiramente, gostaria de explicar que não era assim que eu queria fazer esse post... A ideia para ele já está pairando sobre mim desde quando ouvi uma melodia linda... Porém, gostaria que quem fosse ler também pudesse 'viajar' como eu quando ouvi essa melodia... Contudo, se quiser, baixe e escute enquanto lê =3 Será uma narrativa breve...
Melodia:  Rurouni Kenshin - Starless 



Correção¹ -  O Link do vídeo para ouvirem,melhor que baixar *-*/


" Por um momento, vamos apenas imaginar... Esvazie a mente..."


"Imagine um grande teatro, cadeiras confortáveis de um tecido vermelho, arquitetura clássica, rica em detalhes; um grande palco adornado por cortinas também vermelhas... Você está sentando em uma das cadeiras, percebe que de onde você está é possível visualizar todo o teatro... Você se encontra em um dos camarotes... Está sozinho, tudo ao redor está escuro a não ser pelo foco de luz no centro do palco... Começa a imaginar o que faz ali, quando de repente as pesadas cortinas cor de sangue começam a se mover, e no centro do palco surge uma linda bailarina... Suas roupas eram escuras, seu tutu* era preto e combinava com suas sapatilhas, também pretas... Usava uma linda maquiagem acompanhada por cabelos negros presos em um coque. 
Passados alguns segundos uma linda melodia começa a tocar e a linda bailarina começa a esboçar seus simples movimentos de dança... Era de uma leveza incrível, e com o decorrer da canção os movimentos da moça começam a se tornar mais fortes e determinados, porém sem perder a beleza de seus passos... E ali, naquele teatro vazio, você começa a se emocionar e a apreciar a simplicidade da vida... Relembra o passado, relembra a infância com todo seu amor e vontade de viver... E assim se segue até a canção terminar... 
E então você percebe que está em seu antigo quarto, o qual passou toda sua infância e adolescência... E está sentando em sua antiga cama, segurando em suas mãos, sua antiga caixinha de músicas, na qual uma linda e pequena bailarina se encontra parada, esperando que alguém queira fazer parte de sua platéia, o preço a ser pago não é muito... Basta dar corda e terás um lindo espetáculo...

E é aí que você percebe que sente saudades..."

* Tutu - Roupas características usadas por bailarinas. o/


- Bem, queria muito conseguir colocar a música aqui para que vocês ouvissem... Mas não consegui...
Espero que tenham gostado ;3

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

:)

"Parou de nevar a dois dias mas a neve ainda se encontra presente... Ela decide sair para caminhar e vai até um parque e leva consigo se caderno de desenhos, quem sabe não encontrasse por lá a inspiração que a tanto estava buscando...
Encontra um banco vazio, em um lugar calmo. Ao redor árvores secas ainda com neve sobre seus galhos, e para onde olhava essa era a paisagem que se repetia. De onde estava ela podia ver um casal de idosos sentados em um banco a distância, perdida em pensamentos ela começa analisar o simpático casal.
Juntos, de mãos dadas, na simplicidade de um carinho que trocavam, ela pensou no que aquele casal passou, por toda sua vida, pelo jeito como se portavam dava para ver que a muito estavam juntos. Dava para se ver a cumplicidade e a amizade que havia entre os dois. Ela pensava em como desejava viver aquilo... O sentimento que sentia era longe de ser inveja, era mais como reverência. Com um estalo foi puxada para longe de seus pensamentos, olhou para a folha em branco do seu caderno, e sem pensar duas vezes começou a fazer o esboço e dali começava a sair um belo desenho de um casal sentado em um banco de praça. E quanto mais ela desenhava maior era o desejo de um dia poder estar ali, de um dia poder ter com quem compartilhar a sua vida... E no final, fazendo os retoques finais... ela dá uma ultima olhada para o carismático casal... E com surpresa percebe que os dois não mais estão ali. Ela busca pelo parque, para onde eles tenham ido... Percebe que está sozinha. E então olha para seu desenho com grande carinho. Teria como guardar para sempre naquele desenho todo amor e carinho que aquele simples casal lhe passou naquele parque. Naquele banco."